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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Doação de dados: você está preparado para essa conversa?


Existe um grande debate em torno do monopólio dos gigantes (Big Techs) da plataforma digital que conhecemos como WWW ou Web. Oferecendo produtos e serviços que atendem muito bem as necessidades das pessoas, essas empresas conquistam e concentram o mercado. Definido como uma situação particular de concorrência imperfeita, o monopólio não surge apenas da coerção, feita por governos através de leis que visam proteger um único agente. Existem setores que apresentam uma barreira de entrada natural tão grande, que geram monopólios espontâneos. Também tem aquele caso onde os concorrentes apresentam produtos e serviços tão diferentes, que de fato não fazem concorrência uns com os outros e formam a concorrência monopolística.

Então? Em qual desses casos de monopólio se encaixam as Big Tech? Nenhum. Alphabet (Google), Facebook, Apple, Microsoft e Amazon, não são beneficiadas por nenhuma reserva de mercado. Todas essas empresas têm concorrentes. Podemos pensar numa concorrência monopolística? Strava, por exemplo, é uma rede social que oferece a oportunidade de conhecer e interagir com praticantes de esportes do mundo inteiro. Um produto excepcional que, no entanto, não oferece concorrência ao Facebook. Usuários do Facebook não querem saber se seu “treino está pago”, e o Facebook não oferece ao atleta o que Strava oferece. O mesmo acontece com Facebook e Linkedin. Temos contas em diversas redes sociais porque, embora parecidas (perfil, posts, feed, like, comentários, amigos, etc), elas são substancialmente diferentes. A barreira de entrada para esses negócios é baixíssima! Quem nunca ouviu dizer “começou numa garagem”? Por que, embora tenha concorrentes, o público se concentra em uma ou outra plataforma?

O monopólio das Big Tech tem suas peculiaridades.Você pode comprar roupas numa loja com mais alguns milhares de desconhecidos enquanto seus amigos se espalham comprando em centenas de lojas que você nem sabe que existem. Tá tudo bem. No entanto, ninguém quer ficar numa rede social onde os amigos, ou aqueles com quem se deseja se relacionar, não estejam. Também não queremos comprar onde existam poucas avaliações e recomendações. Além de oferecerem boas soluções para seus usuários, os produtos das Big Tech se beneficiam do atributo REDE. Nós nos aglomeramos voluntariamente em torno delas e involuntariamente somos agentes dessa concentração. Tente imaginar o que aconteceria se a gente conseguisse deletar todas as redes sociais tipo Facebook, e começar de novo, com centenas de pequenos concorrentes, todos oferecendo serviços absolutamente iguais, numa concorrência perfeita! (Por favor, não deixe de me mandar comentários dizendo o que você acha que aconteceria!).

Outra peculiaridade dos monopólios digitais é que eles não são temidos por porque têm poder e controle sobre o mercado. Eles são temidos porque têm poder e controle sobre os dados. Talvez acabe sendo a mesma coisa porque o mercado das Big Techs na verdade, são os dados... 

Dito tudo isso, podemos afirmar que temos uma boa visão sobre problema do monopólio das Big Tech. Por que não conseguimos enfrentá-los? Porque, embora estejamos vendo bem, não estamos enxergando direito. Só existe uma maneira de regular a concentração de poder que tanto tememos: a velha, temida e injustiçada abordagem dos dados abertos.

Toda empresa que coleta dados, tem a obrigação de dar a governança e o direito de utilizá-los (tudo previsto em acordos sociais conhecidos). A cessão dos direitos de uso é condicional, portanto temporária. Só quem tem direitos permanentes sobre o uso dos dados, são os agentes de onde eles foram extraídos. Em palavras simples, seus dados, sobre você, seus hábitos, ações e relações (seus “não dados” inclusive), pertencem a você e a você é assegurado o direito de fazer o que quiser com eles. Você vai me perguntar: se eu posso fazer o que eu quiser com eles, por que não posso impedir que essas empresas usem meus dados? Porque você assinou um contrato quando começou a usar os serviços dela: serviço de graça (ou por um valor X) e, em troca, todos os seus dados poderão ser usados “na melhoria dos serviços prestados”. Não é só isso. A empresa disse também pra você não se preocupar porque ela não vai “compartilhar seus dados com ninguém”. Pronto. Você cedeu os dados, aceitou que fossem usados e garantiu o monopólio de uso para essa empresa.

E agora? Agora você exerce o poder de fato (você já tem por direito) e torna-se um doador de dados. Voluntariamente, declare que seus dados devem ficar disponíveis para que uma plataforma de dados pública1 os colete e disponibilize a serviço da inovação. Não, isso ainda não existe, mas deveria existir. 

Uma plataforma pública de dados seria um lugar onde os dados proprietários voluntariamente cedidos, ficariam disponíveis e acessíveis para todos2. Há muito o que se pensar para um modelo de negócio desse tipo, até porque existem parâmetros e inspirações para ele, mas não precedentes. Poderia se exigir, por exemplo, que aqueles que desejem usar os dados dessa plataforma pública, sejam doadores de dados. Pode-se exigir das plataformas sociais privadas que anonimizem os dados e disponibilizem, através de APIs, aqueles que fossem doados pelos seus verdadeiros proprietários.

Permita-se um tempo para pensar na ideia. Com o tempo você vai entender e aceitar que dados compartilhados estão muito mais protegidos do que dados aprisionados. O seus dados já são usados de qualquer maneira, mas estão gerando valor exclusivamente para um agente desse ecossistema.

Dados digitais são imprescindíveis para a visualização e abordagem de problemas complexos. Sabe o que são problemas complexos? Aqueles com uma infinidade de causas, correlacionados com outra infinidade de fenômenos e que, para completar, são dinâmicos por natureza. Um problema complexo nunca acorda do mesmo jeito que dormiu, porque a rede que o sustenta é formada por agentes vivos, autônomos, que fazem escolhas e emitem informações o tempo todo. Exemplos? Violência. Educação. Pandemia. Terrorismo. Pobreza. Todos esses problemas são complexos e por definição não possuem soluções. O máximo que conseguimos fazer com problemas complexos, é controlá-los o tempo todo e para sempre.

Todo mundo conhece a fórmula de sucesso do controle de algo: conhecer. Quanto mais informações temos sobre um problema, melhores as chances de controlá-lo. É preciso mapear e gerenciar, o tempo todo e para sempre, o máximo de informações possiveis. Sabe onde estão os dados que podem ajudar nesse processo? Em mãos privadas. Precisamos de acordos sociais que garantam o acesso coletivo a dados coletados de indivíduos. Essa necessidade é tão humana e tão premente, que podemos apostar que uma solução desse tipo, certamente está a caminho. Claro que uma boa regulamentação para proteção de privacidade se aplicará à uma plataforma pública. Se você confia em um acordo social feito com uma empresa para a proteção de seus dados, não tem porque não acreditar que o mesmo acordo pode ser feito para uma plataforma pública . Se não confia, melhor excluir todas as suas contas do Google, Amazon, Facebook, Linkedin, Apple, Microsoft e etc.

Existem várias maneiras de fazer uma plataforma pública de dados digitais doados tornar-se um excelente modelo de negócio para todos os envolvidos (stakeholders, se você preferir). Se a gente abraçar a ideia, as soluções chegam.

Você já doa seu tempo como voluntário em uma causa que defende, mesmo que seja apenas escrevendo um texto e publicando ou debatendo nas redes sociais. Talvez até doe dinheiro. Muitos são doadores de sangue e órgãos. Doamos o que temos sobrando e não nos faz falta, e mesmo que faça, é muito pouco em comparação com o benefício que pode gerar na causa que recebe. A próxima vez que pensar em doar algo para uma causa nobre, considere a doação de dados.

Você está preparado para essa conversa?


1 Pública não é sinônimo de estatal
2 Aí também poderiam ficar os dados abertos por default (os chamados dados públicos, que já são abertos por natureza), mas para esses ao menos já existem acordos sociais para compartilhamento.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Apenas uma vez: A política simples e vencedora do ‘no single piece of information should be entered twice’

A Estônia é sociedade mais digital do planeta e líder mundial em tecnologia.

Poderia dizer só isso e deixar vocês duvidarem e descobrirem sozinhos essa história, mas vou avançar um pouquinho...

Foi o primeiro país a declarar o acesso à Internet como um direito humano (2000) e também o primeiro permitir a votação on-line nas eleições gerais (2007). Tem um serviço de banda larga dos mais velozes do mundo e é recordista no número de startups por habitante. Tem armazenado em nuvem todos os registros médicos de seus cidadãos e todas as escolas estão conectadas desde 1998. Sua rede digital extrapola suas fronteiras geográficas: qualquer pessoa do mundo pode se habilitar para ter a cidadania digital e com isso abrir uma empresa no país (em alguns minutos...) e usar o seu sistema financeiro . Isso não é tudo (para saber mais acesse os links no final nesse texto), mas já deixaria qualquer outro país desenvolvido comendo poeira na estrada da digitalização, não é?

Essa história tem um detalhe que não pode deixar de ser dito: tudo isso aconteceu depois de 1991, após o colapso da União Soviética, bloco comunista do qual a Estônia fazia parte. Não é preciso muito esforço para imaginar como o país deveria estar defasado e carente no momento em que se viu livre das amarras impostas pela URSS. Tudo é história e está devidamente registrado. Então, como eles conseguiram essa virada em pouco mais de duas décadas?

Claro que a organização da economia foi fundamental para permitir um planejamento de crescimento e atrair investimentos e isso começou imediatamente (1992). Não é objeto de análise desse texto, mas faço questão de dizer que a Estônia é um dos países mais liberais do mundo!

A revolução digital começou em 1997, quando o país decidiu buscar soluções para a ampliação e uso de documentos digitais, mas sóe podemos hoje falar que a Estônia é uma plataforma digital completa, isso se deve a Taavi Kotka, CIO (Chief Information Officer) do país desde 2013 (foto).


Taavi Kotka, CIO da Estônia desde 2013
Conhecido como um ‘homem com uma visão de futuro’, Kotka vislumbrou a necessidade e a oportunidade de transformar a Estônia numa sociedade digital. Para enfrentar o desafio concebeu e implantou a política do ‘apenas uma vez’ (once only policy), que preconiza que nenhuma informação deverá ser registrada mais de uma vez (‘no single piece of information should be entered twice’).


A política é extremamente elegante porque em apenas uma frase feita de palavras simples, alcança tudo o que se espera de uma política de inovação para o século XXI, que deve ter a digitalização como alicerce principal. Vejamos por exemplo:

Sobre o custo da coleta dos dados: uma vez coletados, dados digitais podem participar de infinitos processos produtivos de conhecimento. É um recurso que não se desgasta com o uso. Porque não reduzir o esforço da coleta? Se uma informação já foi coletada, basta.

Open data: se apenas um coleta e todos devem usar, então... os dados devem ser compartilhados! Simples assim.

Governança dos dados: se todos vão usar os mesmos dados, eles precisam ter boa estrutura, integridade, disponibilidade, acessibilidade e um fácil gerenciamento. A identidade única e digital do cidadão da Estônia é a chave de busca para diversos dados de interesse da sociedade como dados de saúde, de educação, propriedade etc.

Política de uso de dados: esse recurso pertence a todos e para isso o país adotou uma política rigorosa de responsabilidade e exige de todos o seu reconhecimento e cumprimento.
Outras implicações e consequências benéficas devem estar associadas à only once policy. O que foi citado são apenas alguns exemplos.

Podemos dizer que Kotka colocou a Estônia nas nuvens! 

Até pouco tempo, sempre que me perguntavam que política pública seria fundamental na área de... (pode completar com o que você quiser), eu respondia sem pensar: uma política que incentive o livre compartilhamento de dados, ou simplesmente a cultura open data. Isso foi até o final do ano passado (2017). Hoje eu quero a política ‘no single piece of information should be entered twice’.


Para ler mais sobre a Estônia:

Estônia, uma democracia digital (em português) https://medium.com/app-civico/est%C3%B4nia-uma-democracia-digital-9e4ccc5279f6,





sábado, 1 de outubro de 2016

O futuro é muito melhor do que você pensa

Como alavancar a inovação? Se você não garante ao inventor que no futuro ele vai recuperar tudo o que ele investiu na invenção, ele para de inventar. Quem em sã consciência investiria mundos de dinheiro para desenvolver uma droga para curar uma doença grave, por exemplo, se não tiver certeza de que o esforço será recompensado? Com essa visão surgiram as chamadas leis de patentes. A mais antiga lei de patentes surgiu no século XV na Itália. Tudo fez muito sentido nos 500 anos seguintes.

O primeiro efeito da lei foi transformar o caminho da epifania até o registro da patente em um processo de absoluto sigilo. Imagine se, depois de tanto esforço, alguém pega a minha ideia e a registra antes que eu faça? Ter a ideia roubada era a única consequência que se podia enxergar para um possível vazamento antes do devido registro. Não passava pela cabeça de nenhum inventor que a exposição do seu invento a outras pessoas podia agregar valor à ideia. Qual era a chance do sujeito que estava do meu lado ter informação, conhecimento, experiência, competência, interesse e tempo para contribuir com minha ideia genial? Zero. Quase zero. O segredo fazia sentido. Uma vez registrada a patente o inventor ficava traquilo por muitos anos para recuperar o investimento. Era uma montanha de dinheiro e a exclusividade por 20 anos fazia sentido.

Eis que surge a internet. Disponível a todos já há 25 anos, devidamente consolidada, acessível a quase metade da população mundial, 24 horas por dia, na palma da nossa mão, escancara uma nova visão a partir da qual não se admite mais determinados comportamentos. Reserva de patentes é um deles.

Recentemente ouvi um professor de economia afirmar que a quebra das patentes das drogas de combate a AIDS pode ter trazido benefícios de curto prazo à sociedade, mas comprometeu o bem-estar da próxima geração. Esse é um dilema bastante estudado em economia: agora ou depois? Consumo ou previdência? Investimento ou poupança?

O professor reconhecia o valor do maior acesso aos remédios no presente, mas queria que os alunos vissem que isso tinha um custo no futuro: a empresa que perdeu a patente vai parar de investir provocando uma desaceleração na inovação nessa área. Segundo ele, em 20 anos teríamos melhores drogas contra a AIDS ou até mesmo a cura da doença, mas isso agora será menos provável já que, sem garantia de retorno, as empresas param de investir. Em defesa do professor, o objetivo da aula não era julgar a decisão, mas mostrar o quanto é difícil escolher entre usufruir agora e adiar a recompensa, mas o que ele não está vendoQue a internet mudou tudo. Algumas pessoas dizem que ela é uma janela para o mundo. Outras preferem a metáfora das portas que nos oferecem novas saída. Eu gosto de dizer que a internet derrubou as paredes. Quem precisa de janelas e portas se não existem paredes?

A geração futura terá drogas muito melhores ou até a cura para muitas doenças que hoje são incuráveis, justamente porque houve a quebra das patentes. Sem paredes, mais pessoas poderão contribuir com soluções. Sem paredes, os erros são apontados mais cedo e correções de rumo são feitas antes que seja tarde demais. É importante dizer que o sem-paredes da internet não é meia dúzia de vizinhos espiando, com poucas chances de contribuir e muitas chances de roubar o que está "pronto". O sem-paredes da internet são 7 bilhões de pessoas, com 7 bilhões de diferentes visões, 7 bilhões de micro contribuições, que agem por 7 bilhões de diferentes motivos. (a famosa sociedade dos 7 bilhões!). Já imaginou o quanto exponencial esse fenômeno pode ser?

Enquanto você faz as contas eu conto uma história: nos últimos anos a indústria farmacêutica tem sido pressionada a abrir os dados dos testes de drogas. Sim, abrir os dados. Compartilhar livremente os dados preliminares encontrados nos testes de novas drogas. De onde vem a pressão? Do governo, que tem o complexo problema da saúde pública para resolver? Da esquerda, que detesta o fato de grandes empresas terem grandes lucros? Dos defensores dos direitos humanos que acham desumano não ampliar o acesso a remédios importantes? Da sociedade que teme sofrer as consequências do gargalo da inovação e produção fechada? Bem, todos eles certamente exercem parte da pressão sem causar nenhuma estranheza a quem ainda vê o mundo com o paradigma pré internet. 

No entanto, a pressão que realmente fará diferença no compartilhamento de dados de clinical trials afronta o senso comum desse paradigma: a pressão vem dos acionistas da indústria farmacêutica... Como assim? Acionista não quer lucro? Sim. O lucro só não é garantido se a patente estiver garantida? Pois é... Não é mais bem assim... Antes de investir os acionistas agora querem ter a certeza de que a ideia não será refutada assim que sair à luz do dia e ser exposta aos 7 bilhões de olhares. 

Para entender melhor essa história, sugiro a leitura de uma pequena matéria intitulada “Clinical trials: Failure to publish the results of all clinical trials is skewing medical science”, publicada na revista The Economist em julho de 2015. (tradução livre: Testes clínicos: a não publicação dos resultados de todos os ensaios clínicos está distorcendo a ciência médica). Para quem não quiser ler, guarde apenas essa mensagem: compartilhar dados e inovar com processos abertos é hoje a única maneira de garantir sucesso e retorno aos investimentos. Qualquer coisa diferente disso é falta de visão que o século XXI, empoderado pela internet, não perdoará.

Fez as contas? A internet pode exponencializar realizações porque permite micro ajustes em tempo real, feito por milhares ou milhões de pessoas ao mesmo tempo. Não há a necessidade de uma única pessoa/empresa se debruçar exaustivamente sobre um problema e encontrar sozinha a melhor solução. Assim demora mais, comete-se mais erros, perde-se mais oportunidades e tudo isso torna o processo extremamente oneroso. Para que a internet possa transformar essa possibilidade em realidade os dados precisam estar abertos e os acordos sociais precisam contemplar esse novo modelo de produção de conhecimento. Lei de patentes não garantem mais inovação, muito menos retorno sobre elas. Precisamos de um novo acordo social.

Então se você me perguntar: o que o governo deve fazer para incentivar a inovação? Simplesmente ampliar o acesso e a qualidade da internet. Só. Uma pequena (muito pequena) parte da sociedade já entendeu o que é preciso fazer. Mas quando se trata de um fenômeno exponencial, 1% de conversão é 99% de caminho andado. (Sobre isso leia Ray Kurzwel).

Talvez esse seja um aspecto da abundância que Peter Diamandis vem falando há anos, para quem quiser ouvir: o futuro é muito melhor do que você pensa!


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Mind the gap


MIND THE GAP

Quem já andou no metrô de Londres sabe que mind the gap é uma recomendação quase obsessiva da TFL (Transport for London, empresa que faz a gestão da mobilidade da cidade). A expressão que significa “cuidado com o vão” alerta para o risco do passageiro de introduzir o pé no vão que existe entre a plataforma e o vagão do trem. O que está implícito na mensagem é que o gap existe e que o risco é grande: se você não sabe que ele está lá, ou negligencia sua existência, vai acabar metendo o pé naquele vazio e as consequências podem ser desde um simples contratempo, até um transtorno maior com perdas inestimáveis ou irreversíveis. 

Opa! Tá aí uma boa metáfora para quem quer embarcar na era do big data.

Vamos por partes. Primeiro a plataforma. Depois o trem. Finalmente o gap

O QUE É BIG DATA?
Big Data é a maior plataforma de geração de conhecimento e inovação do século XXI. Dados digitais são a matéria prima para informações sobre as pessoas e sobre como as pessoas se relacionam entre si, com a natureza e com os objetos que estão à sua volta.
QUAL O VALOR PRÁTICO DISSO?
Esses dados nos ajudam a ver, caracterizar e compreender coisas que antes nem sabíamos que existiam. Também nos ajudam a descobrir causas e consequências de determinados problemas. Possibilitam ainda prever determinados acontecimentos a partir de padrões ou correlações entre fenômenos. O impacto de tudo isso é um empoderamento da nossa capacidade de fazer melhores escolhas. Onde quer que haja um ser humano tomando uma decisão, desde a mais simples até a mais complexa, lá estarão os dados digitais facilitando esse processo. Um bom processo de tomada de decisão é o trem onde todos querem embarcar.
O QUE NOS IMPEDE DE IR MAIS ADIANTE?
O gap. O vão. O vazio.

A visão que se tem sobre qualquer coisa pode ser uma barreira ou uma alavanca para nossos objetivos. A maioria das pessoas, especialistas ou novatos no tema, têm a seguinte visão sobre big data:
É assunto para a tecnologia da informação; é restrito a quem possui como ativo grande quantidade de dados; exige um alto investimento; é algo que ameaça a privacidade das pessoas.
Com essa visão só nos resta esperar um ambiente restritivo ao uso de dados, onde cabe um papel ativo aos afortunados, passivo aos não favorecidos e reativo às vítimas que tentam proteger suas informações pessoais.
MIND THE GAP
Big Data é assunto para de tomador de decisão. Qualquer pessoa que precise fazer escolhas deve se interessar pelo tema, porque dados digitais ajudam a reduzir o erro nas escolhas e, numa época de grande propósitos e recursos limitados, a tolerância por erros será cada vez menor.
Não queremos errar, por exemplo, quando procuramos o melhor preço para o produto que queremos comprar, escolhemos o melhor trajeto para um deslocamento ou o melhor tratamento para uma doença. As empresas também não querem errar quando configuram um produto ou serviço, ou quando se comunicam com seu publico alvo. Gestores públicos têm cada vez menos margem de manobra para lidar com o caos urbano e os problemas para a saúde e segurança públicas.
Essa visão de que big data está relacionado com ação e sucesso, muda radicalmente o nosso posicionamento em relação ao assunto. Primeiro, porque transforma todos em atores e beneficiários do ambiente digital. Segundo, porque transforma dados digitais em ativo pelo seu uso e não pela sua posse.
A partir daí, criaremos um ambiente para trabalhar dados digitais como algo que diz respeito ao conhecimento e não apenas à tecnologia. Isso tem grandes implicações nas estratégias que estabeleceremos nas empresas e nos órgãos públicos, nos novos modelos de negócio e na regulamentação do ambiente digital.
Certamente os sensores, a comunicação móvel, a analítica digital e a computação em nuvem são os elementos que constituem o fenômeno big data. No entanto, nenhum valor será tirado daí se não compreendermos e soubermos utilizar bem outros conceitos que ultrapassam a fronteira tecnológica como:  complexidade, dinâmica social, engenharia da sociedade, smart cities, open data, colaboração, crowdsourcing, idlesourcing, gamificação, pensamento exponencial, design thinking, data driven decision, rastros digitais, ética, ativos e outputs intangíveis, entre tantos outros.

O gap existe e está lá ameaçando qualquer um que venha desavisado e ansioso para embarcar no trem. Enfiar o pé no gap significa fazer altos investimentos em tecnologia para analítica, sem ter ajustado a estratégia, processos e competências para uma cultura data driven. Mind the gap

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O QUE É OPEN DATA?


O CRIE/COPPE/UFRJ
SERÁ O PRIMEIRO NÓ DA REDE MUNDIAL
DO OPEN DATA INSTITUTE NA AMÉRICA DO SUL

O QUE É OPEN DATA?

Em 2006, Clive Humby[1] afirmou que dados digitais são para o século XXI o que o petróleo foi para o século XX. O que ele quis dizer com a metáfora do novo petróleo é que, se no século XX a economia mundial não pôde prescindir do petróleo para crescer, no século XXI não poderemos ignorar os dados digitais.

Normalmente pensamos que dados digitais são importantes apenas para a indústria das tecnologias da informação. No entanto, os cientistas afirmam que esses dados são extremamente relevantes para a compreensão do comportamento humano. Historicamente as ciências sociais têm feito esse trabalho utilizando entrevistas, questionários e observação com base em pequenas amostras.

O que tem acontecido na última década é que, graças à digitalização das nossas atividades rotineiras e aos muitos dispositivos digitais que carregamos, estamos deixando tantos rastros do nosso comportamento que será possível compreender e prever com mais precisão o que os cientistas chamam de dinâmica humana. Isso significa conhecer melhor as pessoas, seus desejos e necessidades e como elas se organizam e interagem para alcançar seus objetivos. Assim poderemos, por exemplo, entender como se formam engarrafamentos, como as doenças se disseminam ou quais fatores são determinantes para o surgimento de uma crise financeira.

As possibilidades de conhecimento e inovação a partir de dados digitais são infinitas, exatamente porque infinita é a capacidade humana de aprender e criar.

Acontece que grande parte dados que nos permitem fazer tudo isso ainda estão em mãos privadas... 

Isso significa que somente quem controla esses dados pode usá-los em seus interesses próprios, deixando de lado as inúmeras possibilidades que poderiam surgir se outros olhares pudessem alcançá-los. Significa também que esses dados são mantidos em silos, o que impede que eles possam ser combinados com outros dados aumentando de maneira extraordinária a geração de conhecimento.

A cultura open data procura construir um consenso social em torno da ideia de que os dados precisam estar livres e disponíveis para que qualquer pessoa possa usá-los sem nenhuma restrição.

OPEN DATA INSTITUTE - ODI

Fundado por Sir Tim Berners-Lee (conhecido como “o criador da world wide web”) e pelo Professor Nigel Shadbolt, o ODI é uma organização independente, apartidária e sem fins lucrativos.

Sua missão é incentivar a cultura dos dados abertos: disponibilização e livre uso dos dados digitais e criação da infraestrutura para que isso aconteça.

RIO ODI NODE

O Open Data Institute tomou emprestado os princípios de design da própria web na criação da sua rede mundial de pessoas e organizações para disseminar a cultura dos dados abertos.

O Rio ODI Node é o primeiro nó regional do ODI na América Latina e desenvolverá projetos de capacitação, pesquisa e consultoria que criem valor econômico, social e ambiental a partir de dados abertos.

Todas as atividades serão coordenadas pelo CRIE (Centro de Referência em Inteligência Empresarial) e pelo Instituto Big Data Brasil, dois laboratórios de pesquisa do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ.

Agora a missão do ODI é também missão do CRIE e do Instituto Big Data Brasil.

Se você quer saber mais, ou participar de qualquer atividade do Rio ODI Node, peça sua inscrição na lista do CRIE através do email:

info@crie.ufrj.br



INFORMAÇÕES SOBRE A CERIMÔNIA DE CRIAÇÃO DO RIO ODI NODE

TODOS ESTÃO CONVIDADOS!

Gavin Starks, principal executivo do ODI (Open Data Institute de Londres fundado por Tim Berners-Lee, um dos pioneiros da Internet) vem ao Brasil nesta sexta-feira, 24 de outubro, para a cerimônia de criação do Rio ODI Node.

Data: 24/10/2014 - sexta-feira
Local: Auditório da COPPE – sala G122 – Bloco G – Centro de Tecnologia – Cidade Universitária

ESTACIONAMENTO NO LOCAL: Diga que você vai ao evento Open Data no Auditório da Coppe

Programação:

09:00 às 09:30 – Café de boas vindas
09:30 às 11:00 – Palestra com Gavin Starks (CEO do ODI)
11:00 às 11:20 – Cerimônia de assinatura

Confirme sua presença pelo email:

info@crie.ufrj.br







[1] Britânico, especialista em comportamento do consumidor, fundador da Dunnhumby empresa de marketing inglesa

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Quem vai dominar o mundo? A questão do controle dos dados

Quem vai dominar o mundo? A questão do controle dos dados

No dilema do tipo "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" devemos nos perguntar antes se o bicho precisa mesmo existir.



"Se você quer uma Internet não controlada pelo Google, pare de usar o Chrome e convença outras pessoas a fazerem o mesmo. Senão, o Google vai vencer, você se arrependerá de não ter feito isso e o único culpado será você."

Palavras de Robert O'Callahan (engenheiro do Mozilla) em um post intitulado: "Choose Firefox Now, Or Later You Won't Get A Choice".


Quando o texto que parece sério vai beirando a estapafúrdia, vem a conclusão: "Claro que o Firefox é a melhor alternativa. Mozilla tem menos chances de dominar o mundo!". Ou seja, só pode ser uma piada. 

Mas não desconsideremos o essencial! O Firefox não é uma ameaça porque Mozilla não é Google. Mas se tiver a chance...

Com as regras atuais para utilização dos dados, baseadas na falsa* missão de proteger a privacidade do usuário, acontece o seguinte: se correr o Firefox, Explorer, Safari, ou qualquer outro, pegam. Se ficar o Chrome come. 

Embora apareça com nomes diferentes, o bicho é o mesmo: ser controlado por uma mega corporação, sabe-se lá com que objetivos. E sabemos que isso vai além de browsers. Outros poderosos como Facebook, Amazon e Visa, podem morder feio também.

A cultura Open Data faz o bicho do controle desaparecer. Sim, fica o monstro da falta de ética. Mas esse já está aí e terá que sair das sombras e agir em plena luz do dia. Fica mais fácil pegar. 


* o adjetivo "falsa" expressa minha opnião que você pode discordar e contra-argumentar. Clique aqui e aqui para ver meus argumentos.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Marco Civil da Internet e Inovação

Marco Civil da Internet e Inovação

Quatro traços da cultura brasileira que nos impedem de inovar


Amanhã, 19/02/14, o congresso brasileiro deve começar a votar o marco civil da internet. Trata-se de um projeto de lei que "visa consolidar direitos, deveres e princípios para utilização e desenvolvimento da Internet no Brasil". 

A definição acima é do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) criado em 1995 para coordenar as iniciativas de serviços de Internet no Brasil. O projeto de lei foi elaborado em um processo colaborativo coordenado pela Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça em parceria com a FGV Rio e segue os "Principios para governança e uso da Internet" estabelecidos em 2009 pelo CGI.

O CGI é formado por membros do governo, empresários e representantes do terceiro setor e da comunidade acadêmica. São aproximadamente 20 pessoas representando esses setores de modo a garantir diversidade de entendimento e de interesses.

Além disso, o projeto foi submetido diversas vezes à consulta pública desde que foi iniciada sua discussão ainda no ano de 2009.

Tudo isso colocou o Brasil em destaque no que diz respeito a definição de um marco regulatório para utilização da Internet.

No entanto, algumas coisas me preocupam. Não pretendo fazer críticas nem dar palpites no projeto, primeiro porque não sou especialista em leis e depois porque, para criticar e dar palpites vários canais foram abertos como já citado acima.

Queria apenas pontuar algumas coisas que sublinham fortemente cinco traços da cultura brasileira que gritam no texto do Marco Civil, como que implorando por reflexões...

1. Comecemos obsessão reduntante por novas regras e leis. Vejamos dois quesitos do projeto que tratam  da privacidade e da guarda de registro. 

Os itens que garantem os direito à intimidade e à vida privada  (capítulo II, art 7, item I)são importantes, mas na minha opinião já estavam garantidos em outras leis. Do mesmo modo o direito à inviolabilidade da comunicação privada, salvo por ordem judicial (capítulo II, art 7, item III) , também já é garantido em nosso país.

Aqui aparece o primeiro traço da nossa cultura que eu gostaria de mencionar: quando nos deparamos com algo novo, acreditamos ser necessária uma legislação específica para regulá-lo. Assim, leis já existentes e abrangentes o suficiente para lidar com as novas questões não são aproveitadas gerando um aporte desproporcional de recursos para criar uma nova lei, em grande parte de sua extensão, dispensável.

2. Quando fala da inviolabilidade do fluxo das comunicações (capítulo II, art 7, item II), o texto começa a mostrar o desconhecimento sobre redes, a importãncia de estudá-las e o papel dos dados digitais nesses estudos. A maioria das pessoas que já tiveram contato com esse assunto o conhecem pelo nome de big data. Nesse projeto, pelo menos até a versão de hoje, não há uma única pista de que os legisladores estejam atentos à importância dos dados digitais para a ciência e para a inovação.

O fluxo de comunicações entre as pessoas nos permite elaborar um mapa do sistema complexo chamado sociedade e esse mapa pode nos levar à compreensão de fenômenos ainda não explicados e consequentemente não resolvidos pela ciencia. E isto não inclui apenas fenômenos sociais. Está comprovado que a comunicação, o principal link que conecta pessoas, forma uma rede que sustenta também fenômenos como a disseminação de doenças, a propagação de vírus eletrônico ou as crises finaceiras. 

O texto também parece desconhecer as propriedades das redes complexas que garantem por exemplo que os conhecimentos acima podem ser obtido sem a utilização do conteúdo da comunicação e sem a identificação nominal das pessoas envolvidas.

É como se existisse uma lei que proibisse a utilização das informações do fluxo de correspondencias controlado pelos correios para entender a movimentação de volumes no país. Ou que proibisse a analise do fluxo de passageiros de companhias aéreas para estudar a mobilidade das pessoas. Ou o fluxo das transações financeiras e assim por diante.

Aqui estaria um segundo traço da nossa cultura: temos uma grande inércia para inovação. Apesar de todo acesso que temos à informação temos dificuldades em identificar pontos de inflexão no cenário internacional e mais dificuldade ainda em incorporá-los em nosso contexto. A comunidade cientifica americana estuda Ciencia das Redes e big data há mais de 10 anos. Em 2012 o conselho nacional de pesquisa americano recomendou o assunto big data ao governo americano e em poucos meses o presidente Obama anunciou o Big Data Research and Development Initiative liberando recursos para pesquisas, para premiar iniciativas que aumentassem a capacidade analítica do país e assumindo compromissos para alavancar a utilização de dados digitais priorizando as áreas de saúde, defesa, energia e estudos geológicos.

3. Outro ponto sintomático do texto é o que fala sobre a utilização de dados pessoais (capítulo II, art. 7, item VIII). Primeiro porque não faz distinção entre dado e informação. Acredito que o legislador se refere a informações quando diz que "dados pessoais só poderão ser usados para as finalidades que justificaram sua coleta." No entanto, do jeito que está o texto, todos os dados são pessoais porque são registros digitais da nossa utilização da rede. Além disso, a esmagadora maioria deles não foi coletado para finalidade nenhuma. São os rastros de navegação que deixamos ao usar a Internet que também têm valor inestimável como já explicado em outros posts desse blog. 

Em outra parte do texto (capitulo III, sessão II, parágrafo 1), que fala da proteção dos registros de navegação, é sutilmente reconhecida a existência dos rastros digitais. No entanto, ao mesmo tempo que diz expressamente que o responsável pelos dados só pode disponibilizá-los mediante ordem judicial (paragrafo 2), o texto se omite quanto à utilização desses dados pelo próprio responsável que certamente os utilizará, como tem sido feito até então. Se você já leu a política de privacidade do Google ou Facebook, por exemplo, já viu que, sob pretexto de preservar sua privacidade, prometem não compartilhar seus dados de navegação, mas a mesma política diz que pode eles poderão utilizá-los para melhorar seus serviços ou lançar serviços novos. O parágrafo 3 dessa mesma sessão garante também acesso aos dados por parte de autoridades administrativas... Ou seja uns poderão ter acesso e utilizar os dados, outros não.

Essas restrições reforçam o terceiro traço cultural, que é uma das coisas mais perversas para a sociedade como um todo: uma forte inclinação para reforçar a assimetria de informação. Sem querer entrar em questões de poder, vou apenas mencionar que a assimetria de informação é uma das principais responsáveis pelo refreamento da inovação, assim como são, em certo sentido, as patentes. Para mudar esse contexto desfavorável, existe um movimento chamado open data e você pode ler mais sobre isso em outro post desse blog (clique aqui) ou  no site do Open Data Institute.

4. Outra coisa interessante aparece fora do texto do projeto, mas é dirigida a ele. Em carta aberta ao deputado ralator do projeto Alessandro Molon, encaminhada no dia 10/02/14, diversas entidades da sociedade civil ameaçaram retirar o apoio que davam ao projeto. Embora tenham razão em alguns dos questionamentos, chama atenção a justificativa que deram para não concordar com a obrigação de guardar os registros de navegação (acesso às aplicações): segundo eles, a guarda desses dados para uso eventual da justiça "amplia a possibilidade de espionagem" e funciona como "uma espécie de grampo compulsório (...) invertendo o princípio constitucional da presunção de inocência". 

Me parece que, à luz da importância dos dados digitais para a inovação, uma legislação altamente restritiva à sua utilização faz exatamente isso: inverte o principio constitucional da presunção de inocência. Não guardamos os dados porque eles podem ser usados para espionagem.

Esse seria o quarto traço cultural a ser destacado: embora a presunção da inocência seja um direito constitucional, nossas leis são desenvolvidas baseadas no contrário, criando uma burocracia que nos impede de inovar, ou limita essa possibilidade a poucos que conseguem custear ou contornar esses obstáculos.

5. A carta ressalta ainda que a obrigação de guardar os dados no Brasil poderá estimular as empresas a comercializar esses dados para compensar os custos da sua governança. 

Claro que não devemos exigir guarda de dados no Brasil, mas não pelo motivo alegado! Esse argumento aponta o quinto e ultimo traço cultural que o marco civil da internet nos obriga a enxergar em nosso país:  temos um desprezo generalizado pela ética. Um ponto específico de uma lei não é adimitido porque pode incitar uma prática que a mesma lei proibe. É assustador. Em nosso país a ética talvez seja a palavra que guarde menor relação entre sua aparição em discursos e sua utilização na prática.

E assim estamos prestes a aprovar uma lei que já nasce caduca porque despreza a parte mais importante daquilo que está legislando. E tudo perfeitamente justificável por traços culturais que além de guiar nossas leis, nos impedem de inovar.






segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Open Data Day

Open Data Day

Um convite para ouvir e falar sobre compartilhar dados


Dia: 24/02 - segunda feira
Hora: 09:00 às 12:30
Local: Auditório da COPPE (Sala G-122), Centro de Tecnologia da UFRJ, bloco G (Cidade Universitária)

O evento é gratuito, mas como as vagas são limitadas, é necessária a inscrição através do email:

info@crie.ufrj.br


Dados digitais têm se tornado cada vez mais importantes para geração de conhecimento. Esse recurso, diferente de outros que fazem parte de outras cadeias produtivas nobres, não são consumidos com o uso, não se depreciam e podem ser reutilizados em diferentes modelos sempre alcançando resultados diferentes e servindo a diferentes propósitos. Essas peculiaridades dos dados digitais nos levam à ideia dos dados abertos. 

O que são dados abertos? 
Dado aberto é aquele que está disponível para qualquer um usar, para qualquer fim, sem nenhum custo, tendo como contrapartida apenas o crédito da fontes. Saiba mais aqui: http://theodi.org/
Por que isso é importante?
Não se trata apenas de uma ideia "politicamente correta". O movimento open data tem um enorme potencial para criação de valor (econômico, ambiental, social). Uma das principais condições para que este potencial possa se desenvolver é o compartilhamento. As maiores oportunidades para inovação em ambiente digital surgirão de grandes bases de dados diversificadas. Qual o maior e mais diversificado dataset que pode existir? Aquele resultante da cultura Open Data. Além disso, o conceito open data atende às principais demandas atuais da sociedade: transparência, eficiência (economia de recursos), sustentabilidade, equidade, acessibilidade e solução para problemas complexos.
O que é Open Data Day?
É um dia dedicado à cultura open data. Nesse dia, pessoas do mundo inteiro se organizam em eventos presenciais ou virtuais para disseminar a ideia. Toda iniciativa é válida, desde eventos de pura comemoração, até iniciativas de conscientização, debates, trocas de ideias, desenvolvimento de aplicações utilizando dados abertos, compartilhamento de dados, criação de modelos de visualização de dados, publicação de trabalhos etc.
Saiba mais aqui: http://opendataday.org/
Quem pode participar?
Quem quiser. Não importa a idade, a formação ou o nível de conhecimento no assunto. A cultura Open Data interessa a todos simplesmente porque afeta a todos.

Como participar?
Organize um evento, ou procure um que está sendo organizado próximo a você. Existem oportunidades no mundo inteiro. O CRIE e o Instituto Big Data Brasil acreditam nessa ideia e por isso estão organizando um evento no Rio de Janeiro.

Como será o evento?
A ideia é simples. Reunir as pessoas para compartilhar 2 momentos:
1. Ouvir e debater sobre: a) o conceito open data, b) uma experiência concreta com dados abertos e c) os impactos éticos, econômicos e sociais dessa ideia.
2. Participar na elaboração de uma carta de compromisso com uma agenda para o fortalecimento e continuidade desse movimento.

Dia: 24/02 - segunda feira
Hora: 09:00 às 12:30
Local: Auditório da COPPE (Sala G-122), Centro de Tecnologia da UFRJ, bloco G (Cidade Universitária)
Palestrantes:
Marcos Cavalcanti (CRIE); Luciana Sodré (Instituto Big Data Brasil); Pablo Cerdeira(Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro); André Ikeda (Fundador da Empresa BUUS) e Zeca de Mello (consultor especialista em ética empresarial)
O evento é gratuito, mas você precisa se inscrever porque temos número limitado de vagas. Envie um email para info@crie.ufrj.br e solicite sua inscrição.