Poderia dizer só isso e deixar vocês duvidarem e descobrirem sozinhos essa história, mas vou avançar um pouquinho...

Essa
história tem um detalhe que não pode deixar de ser dito: tudo isso aconteceu depois de 1991, após o colapso da União Soviética, bloco comunista do qual a Estônia fazia parte. Não é preciso muito esforço para imaginar como o país deveria estar defasado e carente no momento em que se viu livre das amarras impostas pela URSS. Tudo é história e está devidamente registrado. Então, como eles conseguiram
essa virada em pouco mais de duas décadas?
Claro que a
organização da economia foi fundamental para permitir um planejamento de crescimento
e atrair investimentos e isso começou imediatamente (1992). Não é objeto de análise desse texto, mas faço questão de dizer
que a Estônia é um dos países mais liberais do mundo!
A revolução digital
começou em 1997, quando o país decidiu buscar soluções para a ampliação e uso
de documentos digitais, mas sóe podemos hoje falar que a Estônia é uma
plataforma digital completa, isso se deve a Taavi Kotka, CIO (Chief Information
Officer) do país desde 2013 (foto).
![]() |
Taavi Kotka, CIO da Estônia desde 2013 |
Conhecido como um ‘homem
com uma visão de futuro’, Kotka vislumbrou a necessidade e a oportunidade de
transformar a Estônia numa sociedade digital. Para enfrentar o desafio concebeu
e implantou a política do ‘apenas uma vez’ (once
only policy), que preconiza que nenhuma informação deverá ser registrada
mais de uma vez (‘no single piece of information
should be entered twice’).
A política é
extremamente elegante porque em apenas uma frase feita de palavras simples,
alcança tudo o que se espera de uma política de inovação para o século XXI, que
deve ter a digitalização como alicerce principal. Vejamos por exemplo:
Sobre o custo da coleta dos dados: uma vez coletados, dados digitais podem participar de infinitos
processos produtivos de conhecimento. É um recurso que não se desgasta com o
uso. Porque não reduzir o esforço da coleta? Se uma informação já foi coletada,
basta.
Open data: se apenas um
coleta e todos devem usar, então... os dados devem ser compartilhados! Simples
assim.
Governança dos dados: se
todos vão usar os mesmos dados, eles precisam ter boa estrutura, integridade,
disponibilidade, acessibilidade e um fácil gerenciamento. A identidade única e digital do cidadão da Estônia é a chave de busca para diversos dados de interesse da sociedade como dados de saúde, de educação, propriedade etc.
Política de uso de dados: esse recurso pertence a todos e para isso o país adotou uma política rigorosa
de responsabilidade e exige de todos o seu reconhecimento e cumprimento.
Outras implicações e consequências
benéficas devem estar associadas à only
once policy. O que foi citado são apenas alguns exemplos.
Podemos dizer que Kotka colocou a Estônia nas nuvens!
Até pouco tempo,
sempre que me perguntavam que política pública seria fundamental na área de...
(pode completar com o que você quiser), eu respondia sem pensar: uma política
que incentive o livre compartilhamento de dados, ou simplesmente a cultura open
data. Isso foi até o final
do ano passado (2017). Hoje
eu quero a política ‘no single piece of
information should be entered twice’.
Para ler mais sobre a
Estônia:
Estônia, uma democracia
digital (em português) https://medium.com/app-civico/est%C3%B4nia-uma-democracia-digital-9e4ccc5279f6,
How did Estonia become a leader in technology? (inglês) https://www.economist.com/blogs/economist-explains/2013/07/economist-explains-21?fsrc=scn/fb/te/bl/ed/howdidestoniabecomealeaderintechnology
Estonia, the Digital Republic (inglês) https://www.newyorker.com/magazine/2017/12/18/estonia-the-digital-republic?mbid=social_facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário