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terça-feira, 1 de julho de 2014

O Facebook pisou na bola?

O Facebook pisou na bola?

Algumas pessoas me perguntaram o que eu penso sobre a divulgação da experiência que o Facebook fez recentemente para entender como as emoções dos seus usuários variam de acordo com as notícias que lêem. Vamos por partes:

1. A quem pertencem os dados gerados pelo uso da internet?

Ao sujeito do fato gerador. Nesse caso, cada um de nós.

2. Quem pode usar esses dados?

A regra e clara: além do proprietário, quem cuida da governança (captura, codificação, armazenagem, cópia, segurança etc) pode usar os dados para melhorar seus produtos ou desenvolver novos, desde que não signifique uma ameaça ao anonimato das pessoas. Na prática apenas as empresas que fazem a governança usam os dados porque só elas têm a capacidade analítica (humana, técnica e tecnológica) para fazê-lo (Isso está com os dias contados. Em breve cada um de nós terá essa capacidade). Em resumo, o Facebook pode usar os dados, sim!

3. O provedor da plataforma digital pode usar seus serviços para fazer experiências?

Isso é que foi novo para os usuários... É compreensível a indignação dos usuários, assim como penso que seria legítima uma retaliação dos usuários, mas... o Facebook não fez nada errado. Ele NÃO manipulou as informações, NÃO manipulou você. Manipulou os feeds e isso diz respeito à gestão do site. O que o Facebook fez pode ser considerado no máximo amoral. A brecha está na definição do serviço que a empresa se propôs a prestar. Vá lá, leia e se surpreenda. O que esperamos do Facebook não está escrito em lugar nenhum. A nossa indignação é porque inferimos coisas sobre o serviço que não nos foram garantidas.

O Facebook é uma praça pública. Mas eles não prometeram dar os recados dos seus amigos, ser imparciais na priorização do conteúdo, distribuir os seus panfletos e suas ideias para todos que frequentam a praça... Pois é. Entra e sai quem quer. Fala-se o que quer. A praça é pública. Mas a gestão, os interesses e os lucros são privados.

4. A solução?

Como trata-se de um problema complexo, não existe solução, mas podemos gerenciá-lo. Algumas sugestões: Se isso é tão devastador para você, não participe, ninguém é obrigado; Lute por uma filosofia Open Data; Seja doador de dados; Prefira plataformas e softwares com códigos abertos, onde o desenvolvimento e a gestão têm mais chances de atender à uma expectativa pública; Acima de tudo: mantenha sempre uma postura crítica! A comunicação é o link que sustenta o sistema social, portanto, qualquer serviço que minimamente toque nesse assunto tem um poder incrível de controle, interferência e direção. Para o bem e para o mal!

Comentários, argumentos, críticas, complementos, correções etc, são muito bem vindos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O nome do jogo é Open Data

O nome do jogo é Open Data

Recentemente a mídia comum, ou a mídia de massa, tem abordado bastante o tema Big Data.

O que acontece quando um tema, que até bem pouco tempo circulava apenas nos ambientes científicos (Sim, big data é ciência! Leia aqui), passa a circular livremente pelo cidadão que não domina profundamente o assunto?

Acontecem coisas maravilhosas!

O mais importante é que tudo o que foi estudado, teorizado, metodologizado e ferramentado é colocado sob consulta para os comentários da peça mais importante do sistema de geração do conhecimento: o cidadão que usará os produtos e serviços gerados, pagará por eles (diretamente ou através de impostos) e receberá os impactos  das mudanças (os bons e os ruins).

Ou seja, Big Data agora é tema de conversas pessoais e profissionais, gerando uma quantidade grande de informações, que devem retroalimentar o ecossistema. Como a discussão está acessível a todos, as contribuições vêm das mais diferentes origens filosóficas, comportamentais, geográficas e de expertise. Essa diversidade enriquece muito o debate do novo assunto.

Podem ter certeza de que os sensores da ciência, organizações e governos estão atentos a todas as manifestações sejam as que rejeitam, as que são indiferentes ou as mais entusiasmadas.

Vou chamar todo esse processo de meta big data. Vamos usar todos os dados disponíveis para fazer analítica descritiva, diagnóstica, preditiva e prescritiva do próprio big data.

Se você já está familiarizado com o conceito, sabe que quanto maior o volume de dados e quanto mais diversificado eles forem, melhor o modelo preditivo e consequentemente as ações desencadeadas.

Pois bem, onde quero chegar? Todo meta big data aponta para uma tendência muito clara de aceitação cada vez maior do conceito open data, a ideia de que todos os dados devem estar livremente disponíveis para a utilização de todos.

Não usei nenhum algoritmo especial para ver open data como uma tendência. Usei meu personal predictive analytics toolkit (nosso cérebro faz isso muito bem!). Por isso, se alguém quiser fazer a analítica por algoritmos e encontrar outra tendência, será de grande utilidade para essa discussão. 

Eu já havia comentado aqui sobre essa tendência de aceitação do open data, e usei como argumentos a inovação (leia aqui) e a economia (leia aqui).

Desde que o assunto big data chegou ao público comum, a esmagadora maioria dos comentários tem sido em relação à invasão de privacidade. Todos se preocupam com o que o Facebook, Twitter, Google, Amazon, Americanas.com e todos os demais sites que administram uma quantidade gigantesca e crescente de dados digitais sobre as pessoas, estão fazendo ou podem fazer com tudo isso.

Para aumentarem as preocupações, notícias recentes afirmam que governos estão espionando dados digitais de pessoas comuns.

Então resolvi rever meu modelo preditivo. Acrescentei a ele essa reação pública, esse temor pela perda da privacidade, e o modelo ficou bem melhor! Agora a tendência ao open data é muito mais evidente!

Sei que a afirmação parece paradoxal: se as pessoas reclamam da invasão de privacidade elas deveriam ser contra o livre compartilhamento de dados para todos.

O paradoxo é só aparente. Vou argumentar em itens para facilitar:

  • A invasão de privacidade só pode acontecer no que está privado. Se estiver público, não há invasão de privacidade;
  • A espionagem só acontece no que está escondido. Se nada estiver escondido, não haverá o que espionar;
  • A descoberta das espionagens que tanto abalaram a opinião pública só foi possível por causa de outras espionagens, que também quebraram os acordos de privacidade e confidencialidade, e mesmo assim nós aplaudimos (por isso Assange e Snowden são mais vistos como heróis que vilões);
  • O que as pessoas temem com a utilização de dados digitais é que eles sejam usados para o mal. Se fosse possível garantir que tudo seria usado com bom senso e para o bem, ninguém reclamaria. Mas o que é o mal? O que é o bem? Quem seria o dono do “bom senso”? Se os dados estiverem ao alcance de todos, esse problema não se resolverá. Mas eles estarão ao alcance de todos e não apenas de um grupo com um determinado tipo de “bom senso”.

As pessoas ainda nãos sabem, mas open data não é perda de privacidade, e isso um dia a mídia comum vai dizer, e então elas vão saber.

Se alguém também usar seu personal kit e chegar a uma conclusão diferente, ela  será muito bem vinda nos comentários deste post.